St. Pauli Brasil entrevista: Leonardo Manzi

A história de Leonardno Manzi com o esporte profissional começou em 88 com o Vilanova de Goiás e logo em seguida foi para o Santos, onde jogou até ir para a Alemanha.

Sua chegada no FC St. Pauli causou grande expectativa, ele inclusive foi chamado de 'pequeno Pelé' pelo Bild. Jogou no time de 1989 até 1996, saiu de lá com seu nome gravado na história do clube como o autor do gol que salvou o time do rebaixamento, na temporada de 1992/93.







Fomos atrás do Leonardo para que nos contasse um pouco sobre o que tem feito e sobre esse período no clube. 


St. Pauli Brasil: Primeiramente, poderia nos contar por onde você anda e o que tem feito?  

Leonardo ManziHoje estou com 50 anos, morando na minha terra natal Goiânia e trabalhando como personal (futebol) e treinando uma categoria sub 10 de uma escolinha de futebol. 


SPB: Vimos que você está trabalhando com crianças e até vai abrir (ou já abriu) uma escola voltada para treinamento de crianças. É melhor trabalhar com elas do que com jogadores mais velhos? 

LM: Tem os dois lados né? Com crianças você trabalha para ter um futuro no futebol e na vida social, já com os adultos já trabalha pra conquistar títulos, consigo fazer os dois só preciso da oportunidade.  


SPB: Hoje em dia as crianças vêm alimentando o sonho de se tornar um jogador estrelado como Neymar, Ronaldo, dentre tantos nomes. Mas nós sabemos que são poucos que realmente chegam a esse patamar. Você trabalha com eles essa parte, digamos assim, mais real do esporte?  

LM: Sim com certeza, assim como citei ali agora, trabalho eles pra se tornarem profissionais, mas não só do futebol.  


SPB: Qual sua opinião sobre a ida de jovens jogadores brasileiros na atualidade, muitos ainda nas categorias de base, para irem jogar no exterior?  

LM: Sabemos que o lado financeiro pesa muito, principalmente porque muitos destes jovens vêm de família humilde e uma independência financeira com certeza é uma das esperanças de todos, pais e jogadores. 


SPB: No início dos anos 90, ainda era bastante tímida a presença de jogadores brasileiros no futebol alemão. Como foi sua adaptação profissional no clube? Quais dificuldades enfrentou para viver no exterior?  

LM: Graças a Deus nunca tive problemas de adaptação, seja cultura, clima ou alimentação...meu único problema foi demorar a entender a importância do futebol alemão para minha vida profissional. “eu poderia ter buscado mais e não o fiz.”  


SPB: Era possível ter noção em meados dos anos 90, que o St Pauli seria o clube que mais viria a lutar contra o racismo e homofobia?  

LM: Simdesde o começo eu entendi que o clube FC Sant Pauli não  lutava dentro de campo contra os adversários, mas também fora.  


SPB: Com a crescente busca por informações sobre o time, é legal saber que brasileiros vestiram a camisa e mais ainda saber que um deles (você) se tornou uma lenda para os torcedores e sem dúvidas entrou para a história do clube. Como você se sente em relação a isso e como foi a convivência com outras lendas do clube como Volker Ippig, André Trulsen e Holger Stanislawski 

LM: Eu sempre digo que foi um presente de Deus ter ido jogar na Alemanha (FC Sant Pauli) foram 7 anos de um trabalho profissional, mas também um grande relacionamento com a torcida e com a maioria dos jogadores que passaram por lá, incluindo estes que você citou aí 


SPB: Pelo clube você marcou 16 gols em 122 jogos, o que te colocou na posição 41 do ranking dos maiores artilheiros da história, tem algum gol que considera mais especial e qual foi? 

LM: Todos foram muitos importantes para mim, mas o contra o Hannover em 93 onde com o gol o ST Pauli se livrou do rebaixamento foi uma grande emoção.


SPB: Como foi pra você fazer um gol que salvou o time e te fez entrar para história do clube?  

LM: Uma grande emoção em poder ajudar os companheiros a sair daquela agonia. 


SPB: Como foi jogar em um time com profundas raízes operários em um período chave pra história da Alemanha e do mundo, que foi a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria?  

LM: Só me sinto lisonjeado principalmente em entender a história de um clube onde me deram uma grande oportunidade como atleta e ser humano. 


SPB: Houve algum convite para voltar a trabalhar no clube em alguma função extracampo? Você consideraria ou teria essa vontade?  

LM: Meu sonho é voltar a trabalhar  e, como hoje sou treinador de categoria de base eu adoraria receber um convite pra voltar.  


SPB: Na temporada 96/97, você foi vendido ao Hannover 96 que disputava a Regionalliga Nord na época. Sendo um ídolo do St. Pauli, conte-nos como foi fazer parte do jogo em que houve uma goleada por 7 a 0 no HSV II (segundo time deles).  

LM: Esse placar ficou ainda mais especial por ter marcado o quarto gol do jogo... Rs kkkkkkk foi fantásticoEmoção em dobro! 


SPB: Já tem algumas temporadas em que não temos brasileiros atuando pelo clube. Acha que o clube poderia voltar a investir em jogador brasileiros? E tem algum jogador que gostaria de ver com a camisa do clube?  

LM: Tem sim, um garoto de 20 anos que joga no Goiás, clube da primeira divisão do Brasileiro. Seu nome é Samuel, é atacante. Um super talento que tenho certeza de que, se tiver a oportunidade de jogar no ST. Pauli fará história no clube. 



SPB: Por favor, deixe algumas considerações finais. 

LM: Quero muito agradecer a vocês pela oportunidade nesta entrevista e dizer que amo o St. Pauli, amo Hamburgo, amo os fãs do St. Pauli e sonho de verdade um dia voltar a trabalhar . Obrigado a todos vocês.